Dez mil pessoas ainda sem eletricidade. Uma família desalojada em Gaia após fortes chuvas

Na sequência das fortes chuvas que atingiram o norte de Portugal nos últimos dias, cerca de dez mil pessoas continuam sem eletricidade. O município de Vila Nova de Gaia foi um dos mais afetados, com inundações em várias áreas e uma família desalojada devido à destruição parcial de sua residência. As autoridades municipais, juntamente com os serviços de emergência e as equipas de apoio social, estão a trabalhar incessantemente para mitigar os danos e prestar apoio às vítimas.

Causas e impacto da tempestade

A forte precipitação registada desde o início da semana é atribuída a uma depressão atmosférica que atingiu a Península Ibérica, causando chuvas intensas, rajadas de vento e trovoadas. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) havia emitido alertas amarelos e laranjas para várias regiões, incluindo o distrito do Porto, onde Gaia está localizada.

As chuvas persistentes provocaram o aumento rápido dos níveis dos rios e ribeiros, resultando em inundações que afetaram principalmente áreas baixas e junto às margens dos rios. Ruas foram transformadas em verdadeiros rios de lama, tornando a circulação automóvel e pedonal extremamente perigosa. No centro de Gaia, várias artérias ficaram intransitáveis durante horas, dificultando o trabalho das autoridades de socorro.

A situação em Vila Nova de Gaia

No município de Gaia, além da família desalojada, várias habitações sofreram danos significativos. Em algumas zonas, a água invadiu garagens, lojas e habitações, destruindo móveis, eletrodomésticos e outros bens de valor. Muitos residentes estão a lidar com a perda de pertences e danos estruturais nas suas casas.

O caso mais grave até ao momento foi o de uma família que vive na freguesia de Oliveira do Douro. A sua habitação, situada numa área de risco, sofreu a derrocada de um muro devido à força das águas, obrigando à evacuação imediata da casa. Os membros da família, dois adultos e três crianças, foram retirados pelos bombeiros e realojados provisoriamente num abrigo disponibilizado pela Câmara Municipal de Gaia.

Falhas no fornecimento de eletricidade

A tempestade também causou cortes de energia em várias localidades do norte do país. Em Gaia, perto de cinco mil residências ficaram sem eletricidade desde a noite de terça-feira, e até à tarde de quarta-feira, muitas ainda aguardavam o restabelecimento do serviço. As zonas mais afetadas incluem as freguesias de Canidelo, Madalena, e Vilar de Andorinho.

De acordo com a E-REDES, empresa responsável pela distribuição de eletricidade, as falhas ocorreram devido à queda de árvores sobre as linhas de alta tensão, e os trabalhos de reparação estão a ser dificultados pelas condições meteorológicas adversas. Equipas de técnicos estão no terreno desde as primeiras horas de quarta-feira para proceder às reparações, mas não há ainda uma previsão exata de quando o fornecimento será completamente restabelecido.

A empresa informou também que, além dos problemas em Gaia, outras localidades no distrito do Porto e em Braga enfrentam situações semelhantes. Ao todo, mais de dez mil pessoas em todo o norte de Portugal continuam sem eletricidade, com a maioria concentrada nas áreas rurais, onde o acesso é mais difícil.

Respostas e apoios locais

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, em conjunto com a Proteção Civil, montou um centro de operações de emergência para coordenar a resposta aos incidentes causados pelas inundações. O presidente da câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, em declarações à imprensa, afirmou que todas as equipas disponíveis estão no terreno para ajudar os cidadãos afetados. “Estamos a lidar com uma situação muito complexa. As inundações atingiram várias partes do concelho, e os danos são significativos. O nosso foco imediato é garantir a segurança das pessoas e restabelecer os serviços essenciais”, declarou Rodrigues.

Além da resposta das autoridades locais, várias associações e grupos de voluntários têm-se mobilizado para ajudar os residentes que sofreram danos. A Cáritas de Gaia, por exemplo, já distribuiu mantimentos e roupas a algumas famílias afetadas, enquanto as equipas da Cruz Vermelha estão a apoiar na evacuação de residentes em áreas mais perigosas.

A Proteção Civil alertou ainda para a possibilidade de novas inundações, dado que as previsões meteorológicas indicam a continuação de chuva intensa nas próximas 24 horas. Como medida de precaução, várias escolas em zonas ribeirinhas decidiram suspender as aulas, e algumas estradas secundárias foram cortadas ao trânsito.

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Danos materiais e consequências económicas

Os danos materiais causados pelas inundações e pelo mau tempo são ainda incalculáveis, mas as primeiras estimativas apontam para prejuízos significativos, especialmente em infraestruturas públicas e privadas. Empresas localizadas em áreas industriais de Gaia também reportaram prejuízos consideráveis devido às inundações, com fábricas inundadas e interrupções nas operações.

O setor agrícola também foi fortemente afetado. Produtores locais, especialmente os vinicultores da região do Douro, relataram perdas em vinhas devido ao excesso de água, o que poderá ter impacto na produção de vinho este ano.

Tráfego e serviços públicos

A tempestade afetou também o transporte público e o trânsito em várias áreas de Gaia. Várias linhas de autocarros sofreram alterações nos percursos, e o Metro do Porto registou algumas interrupções no serviço, particularmente nas linhas que ligam Gaia ao centro do Porto. A circulação rodoviária foi severamente impactada, com vários troços de estradas secundárias ainda encerrados devido à queda de árvores e deslizamentos de terra.

Os serviços de saúde também estão em alerta, com os hospitais e centros de saúde de Gaia a reportarem um aumento no número de chamadas de emergência relacionadas com a tempestade, incluindo acidentes rodoviários e quedas devido à acumulação de água nas vias públicas.