Dos 37 heliportos em hospitais, só cinco estão aptos a receber emergência médica
Um relatório recente divulgado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) revelou uma preocupante realidade sobre a infraestrutura dos heliportos hospitalares em Portugal. Dos 37 heliportos existentes nos hospitais portugueses, apenas cinco estão atualmente aptos para receber emergências médicas, conforme as normativas vigentes. Este dado alarmante levanta sérias questões sobre a eficiência da resposta médica de urgência em situações que exigem o transporte aéreo.
Situação dos heliportos em Portugal
Segundo o relatório, a maioria dos heliportos nos hospitais portugueses encontra-se inoperante ou com deficiências que comprometem a sua utilização para emergências. Muitos desses heliportos não passam por manutenções regulares e não atendem aos requisitos de segurança impostos pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). As falhas variam desde problemas estruturais, como a falta de iluminação adequada para pousos noturnos, até a ausência de procedimentos de segurança estabelecidos para o transporte de pacientes em estado crítico.
Entre os cinco heliportos que foram considerados aptos para emergências estão localizados nos hospitais de Lisboa, Porto, Faro, Coimbra e Évora. Esses heliportos passaram por revisões recentes e estão equipados com a infraestrutura necessária para atender emergências 24 horas por dia, com todas as condições exigidas pela ANAC.
Falta de manutenção e atualização
A principal razão para a inoperância dos heliportos hospitalares é a falta de manutenção e investimento em infraestrutura. Em alguns casos, os heliportos não recebem atualizações há mais de 10 anos. A degradação das estruturas, aliada à ausência de políticas públicas claras para a revitalização dos heliportos, resulta numa limitação grave para o Sistema Nacional de Saúde no que diz respeito ao transporte aeromédico de urgência.
O relatório aponta que muitos desses heliportos não possuem iluminação adequada, o que inviabiliza pousos e decolagens noturnas — um fator crítico para emergências que ocorrem durante a noite. Além disso, as áreas de pouso de alguns heliportos estão localizadas próximas a zonas urbanas densamente povoadas, o que representa um risco adicional para operações aéreas.
Impacto nas emergências médicas
O transporte aéreo é essencial em muitos casos de emergência, principalmente em regiões de difícil acesso ou quando o tempo de resposta terrestre é insuficiente para salvar a vida do paciente. Os helicópteros de emergência médica (HEMS) são frequentemente utilizados para transportar pacientes em estado crítico de áreas remotas para centros hospitalares especializados, onde podem receber tratamento adequado em tempo hábil.
Contudo, com a maioria dos heliportos hospitalares inaptos para uso, o sistema de emergência enfrenta sérias limitações operacionais. Atualmente, a maior parte dos helicópteros tem que pousar em áreas próximas aos hospitais, como campos de futebol ou terrenos improvisados, o que aumenta o tempo de transporte e diminui a eficiência da resposta médica. Essa situação também coloca os pacientes em risco, já que o transporte prolongado pode comprometer suas chances de sobrevivência.
Reações dos profissionais de saúde
Vários profissionais de saúde manifestaram preocupação com a situação dos heliportos nos hospitais, afirmando que a ineficácia da infraestrutura pode resultar em consequências graves para os pacientes. “É inconcebível que em pleno século XXI, com o avanço da tecnologia médica e de transporte, ainda estejamos enfrentando dificuldades tão básicas como a falta de heliportos operacionais em hospitais”, disse um médico que atua em uma unidade de cuidados intensivos.
Além disso, os sindicatos de profissionais de saúde têm pressionado o governo para que invista na recuperação dos heliportos e na criação de uma política nacional clara para o transporte aeromédico. “Precisamos garantir que cada hospital esteja preparado para receber emergências de qualquer tipo, e isso inclui ter heliportos funcionais, com todas as medidas de segurança necessárias”, afirmou um representante sindical.
Medidas do governo
O Ministério da Saúde reconheceu os problemas levantados no relatório e afirmou que já está trabalhando em um plano para a recuperação e modernização dos heliportos hospitalares. Segundo fontes do governo, um grupo de trabalho foi formado para avaliar as necessidades de infraestrutura e garantir que todos os hospitais com heliportos possam, em breve, estar aptos a receber emergências médicas.
Entretanto, não foram divulgados prazos ou detalhes sobre o orçamento destinado a essas reformas. A falta de clareza sobre o planejamento governamental tem gerado críticas, principalmente por parte da oposição política e dos representantes de saúde, que exigem uma resposta mais rápida para resolver o problema.
Helicópteros de emergência no Sistema Nacional de Saúde
Atualmente, o Serviço Nacional de Saúde conta com uma frota limitada de helicópteros para emergências médicas, operados por empresas contratadas para prestar o serviço. No entanto, a inoperância dos heliportos hospitalares tem dificultado a otimização do uso desses recursos.
O transporte aeromédico é visto como uma peça fundamental para melhorar a resposta de emergência, especialmente em um país com uma geografia diversificada como Portugal, onde o transporte rodoviário pode ser insuficiente em várias circunstâncias. No entanto, enquanto os heliportos não estiverem plenamente operacionais, a eficácia desse serviço fica comprometida.