Mudança de hora: Horário de inverno chega no próximo domingo

No próximo domingo, 29 de outubro, às 02h00, os portugueses deverão atrasar os seus relógios em uma hora, dando início ao horário de inverno. Este ajuste sazonal, que ocorre duas vezes ao ano, tem como principal objetivo otimizar o uso da luz natural e trazer ganhos em eficiência energética, mas também gera diversas discussões sobre os seus efeitos na saúde e no cotidiano das pessoas.

Origem e propósito da mudança de hora

A prática de adiantar ou atrasar o relógio de acordo com as estações do ano foi amplamente adotada durante a Primeira Guerra Mundial, como uma medida para economizar energia. Em Portugal, a implementação do horário de verão e de inverno está regulamentada pela Diretiva Europeia 2000/84/CE, que estabelece que, no último domingo de outubro, ocorre a mudança para o horário de inverno, com o ajuste dos ponteiros do relógio para trás, e no último domingo de março, ocorre a mudança para o horário de verão, quando os relógios são adiantados uma hora.

O principal argumento para esta medida é a economia de energia. Com mais horas de luz solar durante o dia, reduz-se a necessidade de iluminação artificial. Contudo, o impacto dessa economia de energia tem sido amplamente debatido, com estudos recentes sugerindo que os ganhos são mínimos, especialmente em países com latitudes menores, como Portugal.

Impactos no cotidiano e na saúde

A mudança para o horário de inverno afeta diretamente o cotidiano dos cidadãos, em especial a rotina de trabalho e escolar. Com os dias ficando mais curtos, muitas pessoas percebem que saem do trabalho ou da escola já durante o crepúsculo ou à noite, o que pode influenciar negativamente a produtividade e o bem-estar.

Há também estudos que indicam que a mudança de hora pode interferir no ciclo circadiano — o relógio biológico interno que regula as funções corporais com base na exposição à luz e escuridão. Distúrbios do sono, alterações no humor, e até uma maior incidência de acidentes de trânsito nos primeiros dias após a mudança são alguns dos problemas apontados por especialistas.

Embora a mudança para o horário de verão seja geralmente bem recebida, com a população aplaudindo as horas extras de luz ao final do dia, a transição para o horário de inverno tende a ser menos popular, uma vez que os dias se tornam visivelmente mais curtos e escuros.

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Discussões sobre o fim da mudança de hora na Europa

Nos últimos anos, têm surgido debates intensos em vários países da União Europeia sobre a necessidade de manter ou abolir a prática da mudança de hora. Em 2018, a Comissão Europeia chegou a realizar uma consulta pública sobre o tema, na qual mais de 80% dos participantes se manifestaram a favor de abolir as mudanças bianuais no horário. Como resultado, foi apresentada uma proposta legislativa que permitiria a cada Estado-membro escolher entre adotar permanentemente o horário de verão ou de inverno.

Todavia, até ao momento, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia não chegaram a um consenso sobre como implementar essa mudança. Uma das principais dificuldades é coordenar a decisão entre os diversos Estados-membros para evitar uma confusão de fusos horários entre os países da mesma região.

Portugal, por sua vez, tem mantido uma postura cautelosa sobre o tema. O Governo defende que qualquer decisão sobre a abolição da mudança de hora deve ser coordenada a nível europeu, evitando um cenário em que Portugal fique desalinhado dos seus principais parceiros comerciais e dos outros países da União Europeia.

Adaptação e recomendações para a população

Para lidar melhor com a mudança de hora e minimizar os impactos no corpo, especialistas recomendam algumas medidas simples que podem ajudar na adaptação. Ajustar gradualmente os horários de sono nos dias que antecedem a mudança, aumentar a exposição à luz natural durante o dia, e evitar o uso de dispositivos eletrónicos antes de dormir são algumas das práticas que podem facilitar a transição para o novo horário.

Além disso, as autoridades de saúde recomendam prestar atenção redobrada nas atividades que requerem mais atenção, como conduzir, nos primeiros dias após a mudança, uma vez que o cansaço e a falta de concentração podem ser mais frequentes.

O horário de inverno permanecerá em vigor até ao último domingo de março de 2024, quando os relógios voltarão a ser adiantados para o horário de verão, marcando o início da primavera e o retorno aos dias mais longos e ensolarados.