51 mortos em Gaza após ataques israelenses a escolas e orfanato

Gaza, 3 de outubro de 2024 – Em meio à intensificação do conflito entre Israel e grupos armados palestinos, o Ministério da Saúde da Palestina informou, nesta manhã, a morte de 51 pessoas, incluindo mulheres e crianças, em um ataque conduzido pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) no sul da Faixa de Gaza. O ataque, que começou nas primeiras horas do dia, atingiu várias instalações civis na cidade de Khan Younis, entre elas escolas, casas particulares e um orfanato.

Além dos mortos, as autoridades palestinas relataram 82 feridos, alguns em estado grave. As vítimas se encontravam em abrigos improvisados, utilizados por palestinos deslocados devido à escalada do conflito na região. Entre os atingidos estão civis que buscavam refúgio das hostilidades em áreas que, tradicionalmente, são consideradas seguras, como as escolas e o orfanato.

Intensificação do Conflito
Os ataques em Khan Younis coincidem com uma nova frente de combate aberta por Israel no Líbano, onde confrontos entre as forças israelenses e o Hezbollah têm se intensificado nas últimas 48 horas. Em Gaza, no entanto, o foco permanece na ofensiva israelense contra a infraestrutura militar do Hamas e outros grupos armados palestinos, mas que, segundo relatos de diversas fontes, tem tido um impacto devastador sobre a população civil.

De acordo com testemunhas oculares, os ataques aéreos foram seguidos de uma ofensiva terrestre que avançou em direção às áreas residenciais, resultando na destruição generalizada de edifícios e na morte de dezenas de civis. “Foi um verdadeiro massacre”, afirmou um residente local, que preferiu não ser identificado. “Ninguém estava seguro, nem mesmo as crianças no orfanato. A situação é desesperadora”.

Alvos Civis
O Ministério da Saúde da Palestina, em comunicado oficial, condenou a ofensiva israelense, destacando que as instalações atacadas abrigavam civis deslocados e não tinham qualquer relação com atividades militares. “A maioria das vítimas são mulheres e crianças que estavam buscando proteção em escolas e orfanatos, locais que, de acordo com o direito internacional, deveriam ser preservados da violência”, declarou o porta-voz do ministério.

Grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, também manifestaram preocupação com a escalada de violência e o impacto dos ataques sobre civis em Gaza. A Anistia Internacional pediu uma investigação independente sobre os incidentes e alertou que ataques a alvos civis podem constituir crimes de guerra, segundo o direito internacional humanitário.

Por outro lado, as autoridades israelenses justificaram as ações militares em Khan Younis como parte de uma operação destinada a eliminar lançadores de foguetes e túneis usados pelo Hamas. Segundo o IDF, esses grupos militantes utilizam áreas residenciais para se esconder e armazenar armamento, colocando deliberadamente os civis em risco. No entanto, o uso de instalações civis como abrigos tem sido uma prática comum em Gaza, uma região densamente povoada e com poucos locais seguros para a população.

Situação Humanitária
A situação humanitária na Faixa de Gaza já vinha se deteriorando nas últimas semanas, à medida que os combates entre Israel e grupos armados palestinos se intensificam. A destruição de infraestruturas essenciais, como hospitais, escolas e redes de eletricidade, tem agravado o sofrimento da população civil, que enfrenta dificuldades crescentes para obter alimentos, água potável e cuidados médicos.

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Organizações humanitárias que atuam na região relatam que os hospitais estão sobrecarregados e com falta de medicamentos e suprimentos essenciais para tratar os feridos. Além disso, a escassez de combustível tem prejudicado o funcionamento de geradores, fundamentais para manter as unidades de saúde em operação em meio aos apagões generalizados na região.

“Estamos lidando com uma crise de proporções catastróficas”, afirmou um representante da Cruz Vermelha Internacional, que está em Gaza. “A falta de suprimentos médicos, combinada com o número crescente de feridos e deslocados, torna a situação quase insustentável. Precisamos urgentemente de um cessar-fogo para permitir a entrada de ajuda humanitária”.

Reação Internacional
A comunidade internacional acompanhou com crescente preocupação o aumento das baixas civis em Gaza. Países como a França, a Alemanha e o Reino Unido já pediram moderação a ambas as partes, enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma reunião de emergência para discutir o conflito. O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua “profunda consternação” com os recentes ataques e reiterou o apelo para que Israel respeite o direito internacional humanitário, evitando ataques a civis e infraestrutura civil.