Relógios mudam já no próximo fim de semana para a hora de inverno: saiba tudo sobre a alteração que torna os dias mais curtos
No próximo fim de semana, a maioria dos países da Europa, incluindo Portugal, ajustará os seus relógios para a chamada “hora de inverno”. A mudança, que ocorre anualmente, está agendada para a madrugada de sábado para domingo, mais precisamente às 2h00, quando os ponteiros devem ser atrasados em uma hora, passando a marcar 1h00. Este ajuste marca o início oficial da chamada “hora de inverno” e influencia o cotidiano de milhões de pessoas, com impactos não apenas no horário das atividades diárias, mas também na saúde e na economia.
História e regulamentação da mudança horária
A prática de ajustar os relógios para a “hora de verão” e “hora de inverno” tem raízes no início do século XX. A ideia inicial foi sugerida por Benjamin Franklin em 1784, como uma forma de economizar energia, mas só foi adotada oficialmente durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, por países como a Alemanha e o Reino Unido. O objetivo principal na época era aproveitar ao máximo a luz natural do sol e, assim, reduzir o uso de iluminação artificial, numa tentativa de poupar recursos em tempos de escassez.
Em Portugal, a mudança horária é regulada pelo Decreto-Lei nº 17/96, de 8 de março, que estabelece as datas e horários específicos para a aplicação da hora de verão e de inverno, em conformidade com as diretrizes da União Europeia. No entanto, nas últimas décadas, o debate sobre a utilidade e os possíveis malefícios desta prática tem ganhado força. Diversos estudos questionam os reais benefícios da mudança, sobretudo em relação ao seu impacto no bem-estar humano e na economia.
Impacto na saúde
A alteração para a hora de inverno afeta diretamente o ritmo circadiano — o relógio biológico que regula o sono e outras funções corporais essenciais. Com os dias se tornando mais curtos, a exposição à luz solar diminui, o que pode impactar negativamente o humor e a energia das pessoas. A falta de luz natural também pode contribuir para o aumento de distúrbios como a depressão sazonal, uma condição que afeta muitas pessoas durante os meses de inverno.
Pesquisas médicas indicam que a mudança para a hora de inverno pode levar a um aumento nos casos de distúrbios do sono, especialmente nas primeiras semanas após a transição. Além disso, há uma relação entre a alteração de horário e o aumento de problemas cardíacos. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine revelou um ligeiro aumento de ataques cardíacos nos dias que sucedem a mudança para o horário de inverno, possivelmente devido à interrupção dos ciclos de sono.
Economia e energia: será que ainda faz sentido?
Embora a prática de alterar o horário tenha sido inicialmente adotada para economizar energia, atualmente o seu impacto nesse campo é bastante reduzido. A modernização das infraestruturas, a utilização de fontes de energia renovável e a adoção de lâmpadas de baixo consumo tornaram a economia de energia resultante da mudança de hora quase insignificante. Estudos recentes mostram que a poupança gerada pela transição entre a hora de verão e de inverno é mínima, não justificando, para muitos especialistas, a manutenção da prática.
Além disso, o setor económico é impactado de diferentes maneiras. Enquanto algumas indústrias, como a do turismo, se beneficiam com a hora de verão, já que os dias mais longos incentivam atividades ao ar livre, a mudança para a hora de inverno gera efeitos negativos em setores que dependem da luz natural, como a agricultura. O comércio também observa uma diminuição do movimento após a transição para o horário de inverno, principalmente em regiões onde os consumidores preferem fazer compras à luz do dia.
Debate sobre a abolição da mudança de hora
Nos últimos anos, a União Europeia iniciou discussões sobre a possibilidade de abolir a mudança bianual dos relógios, permitindo que cada país escolha permanentemente entre a hora de verão ou a hora de inverno. Em 2018, após uma consulta pública que envolveu milhões de cidadãos europeus, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para eliminar a prática a partir de 2021. No entanto, o processo foi adiado devido à pandemia de COVID-19 e à falta de consenso entre os Estados-membros.
Em Portugal, as opiniões também se dividem. Enquanto alguns argumentam que a permanência na hora de verão traria benefícios, como dias mais longos e a promoção de atividades ao ar livre, outros defendem a hora de inverno, que se alinha mais ao horário solar natural do país. Até ao momento, o governo português ainda não tomou uma posição definitiva sobre a questão, aguardando as discussões no âmbito europeu.
O que muda no seu dia a dia?
A transição para a hora de inverno afeta diversos aspetos do quotidiano. Com os relógios atrasados em uma hora, o sol passa a nascer e a pôr-se mais cedo, o que resulta em dias aparentemente mais curtos. Para aqueles que trabalham em horário comercial, a mudança pode significar sair de casa ainda no escuro e voltar para casa após o pôr do sol, uma realidade que, para muitos, afeta a disposição e o bem-estar.
Além disso, é importante estar atento à sincronização de dispositivos eletrônicos. A maioria dos smartphones e computadores ajusta automaticamente o horário, mas é recomendável verificar aparelhos como relógios de parede, fornos e outros eletrônicos que não se atualizam sozinhos.