Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza projeta vozes em favor de soluções
Neste 17 de outubro, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi celebrado em diversas partes do mundo, destacando-se como uma data que eleva as vozes dos marginalizados e pressiona pela implementação de soluções para combater um dos maiores desafios globais: a pobreza. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, serve como um alerta para a urgência de ações mais eficazes, focadas na redução das desigualdades econômicas e sociais que afetam milhões de pessoas.
Realidade Global
De acordo com os dados mais recentes do Banco Mundial, mais de 700 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1,90 por dia, considerado o limiar da pobreza extrema. Essas estatísticas mostram um cenário alarmante, onde as crises econômicas, as guerras, e as consequências das mudanças climáticas têm agravado a situação, principalmente nos países em desenvolvimento. A pandemia de COVID-19, por sua vez, também contribuiu para o aumento da vulnerabilidade econômica, rebaixando milhares de famílias para abaixo da linha da pobreza.
A África Subsaariana continua sendo a região mais afetada, com cerca de 40% de sua população vivendo em condições de pobreza extrema. Outros países de baixa renda na Ásia e na América Latina também enfrentam desafios significativos, embora algumas dessas regiões tenham visto avanços no combate à pobreza nas últimas décadas.
Mobilizações Globais
Neste ano, eventos foram organizados por governos, ONGs e instituições internacionais, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a pobreza e reforçar a necessidade de uma abordagem multissetorial para sua erradicação. Em Nova York, a sede da ONU foi palco de um encontro de líderes globais, que destacaram a importância de políticas públicas inclusivas e investimentos em educação, saúde e empregos dignos.
Em Paris, uma grande manifestação reuniu ativistas de direitos humanos e organizações de combate à pobreza, que levaram suas demandas para o governo francês, pedindo maior comprometimento na ajuda internacional e no apoio a iniciativas de desenvolvimento sustentável.
No Brasil, a Coalizão Brasileira Contra a Pobreza organizou uma série de atividades em várias capitais, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro. As ações incluíram debates sobre políticas públicas, programas de renda mínima e a necessidade de fortalecer o Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país. A diretora da organização, Maria Aparecida Souza, afirmou que “a pobreza no Brasil é estrutural e requer uma resposta urgente, especialmente após os impactos devastadores da pandemia nas comunidades mais vulneráveis.”
Desigualdade e Inclusão Econômica
O tema escolhido para a comemoração deste ano foi “Desigualdade e Inclusão Econômica,” refletindo a crescente necessidade de enfrentar as barreiras que impedem a inclusão social e econômica das pessoas que vivem em pobreza extrema. Esse enfoque está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especificamente o ODS 1, que visa erradicar a pobreza em todas as suas formas até 2030.
Especialistas alertam que, embora os números da pobreza tenham diminuído globalmente nas últimas décadas, o progresso tem sido desigual. Regiões afetadas por conflitos armados, como a Síria e o Iêmen, e áreas vulneráveis às mudanças climáticas, como as ilhas do Pacífico, enfrentam desafios adicionais para a erradicação da pobreza.
Segundo a ONU, uma das principais soluções é investir em políticas de desenvolvimento que levem em consideração os mais vulneráveis. Isso inclui expandir o acesso à educação de qualidade, melhorar a infraestrutura em áreas rurais, garantir o acesso universal à saúde e promover a igualdade de gênero. “As mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pela pobreza,” afirmou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, em um comunicado recente. Ele destacou que a erradicação da pobreza só será possível com a inclusão de todas as pessoas, independentemente de gênero, etnia ou condição socioeconômica.
Soluções Locais e Iniciativas de Base
Em vários países, iniciativas locais estão sendo desenvolvidas para lidar com os efeitos da pobreza extrema. Em Uganda, por exemplo, um projeto de cooperativas agrícolas tem ajudado famílias a sair da pobreza, oferecendo acesso a crédito e treinamento em técnicas agrícolas modernas. Na Índia, o programa de emprego rural garantido tem sido um modelo de como criar empregos em áreas subdesenvolvidas, promovendo infraestrutura local e ajudando a reduzir a migração urbana.
No Brasil, projetos como o “Favela Verde” têm ganhado destaque ao promover práticas sustentáveis em comunidades carentes, incentivando a criação de hortas urbanas e a geração de renda por meio do reaproveitamento de materiais recicláveis.
Por outro lado, críticos apontam que, embora essas iniciativas tenham impacto positivo, elas não são suficientes para resolver o problema em larga escala. A pobreza, segundo eles, é um problema estrutural que requer mudanças mais profundas nas políticas econômicas e sociais dos países.
A Participação das ONGs
Organizações não governamentais desempenham um papel fundamental na luta contra a pobreza. Desde a ajuda humanitária até a promoção de políticas públicas mais inclusivas, as ONGs atuam como pontes entre as comunidades vulneráveis e os governos. A ActionAid, uma das maiores ONGs atuantes no Brasil, lançou recentemente uma campanha chamada “Erradicar é Possível,” cujo objetivo é pressionar as autoridades a adotarem medidas mais eficazes para enfrentar a pobreza no país.
A Importância do Dia Internacional
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza não é apenas uma data para conscientização, mas também uma oportunidade para que os líderes globais e a sociedade civil reflitam sobre o progresso alcançado e as falhas ainda presentes no combate à pobreza. Este ano, com a escalada das crises econômicas e ambientais, o desafio de erradicar a pobreza parece mais urgente do que nunca.