FNAM Promete “Endurecer a Luta” em Defesa do SNS

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) voltou a se manifestar nesta semana com declarações fortes sobre o Sistema Nacional de Saúde (SNS), prometendo endurecer as formas de luta caso o Governo não atenda às suas exigências. A principal reivindicação da FNAM continua a ser a melhoria das condições de trabalho para os médicos e a garantia de um SNS de qualidade para a população.

Contexto das Reivindicações

A FNAM tem vindo a alertar há vários meses sobre a degradação do SNS, um problema que, segundo a federação, afeta tanto os profissionais de saúde quanto os utentes. Os médicos argumentam que os recursos humanos são insuficientes e que as condições de trabalho, particularmente no que diz respeito às cargas horárias e remuneração, têm se tornado insustentáveis.

Entre as principais queixas está a falta de contratação de novos médicos, o que sobrecarrega os profissionais atualmente em exercício. Além disso, a FNAM aponta para a necessidade urgente de investimentos em infraestruturas e equipamentos hospitalares, muitos dos quais estão obsoletos.

A recente proposta do Governo, que incluiu algumas medidas de reforço ao SNS, foi considerada insuficiente pela FNAM. A organização médica afirma que as mudanças propostas não abordam de forma efetiva os problemas estruturais que comprometem o funcionamento do sistema.

Greves e Mobilizações

Nos últimos meses, a FNAM e outros sindicatos médicos têm promovido uma série de greves e manifestações em várias regiões do país, como forma de pressão sobre o Governo. A greve mais recente, que ocorreu em setembro, paralisou serviços em diversos hospitais, sobretudo em áreas mais críticas como urgências e cuidados intensivos.

A adesão às greves tem sido expressiva, com a participação de milhares de médicos em todo o território nacional. A FNAM, através de seus porta-vozes, afirmou que, apesar do impacto que essas paralisações causam aos serviços de saúde, elas são uma resposta necessária à falta de ação do Governo.

Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, destacou que “os médicos estão esgotados e, infelizmente, vemos cada vez mais colegas a saírem do SNS ou a optarem por trabalhar no setor privado, onde as condições são melhores. Não é essa a solução que queremos, mas as condições no setor público têm que melhorar drasticamente.”

A Resposta do Governo

O Ministério da Saúde tem respondido às reivindicações da FNAM, afirmando que está empenhado em reforçar o SNS, mas admite que as mudanças exigem tempo e recursos financeiros que estão sendo alocados de forma gradual. A ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu publicamente a necessidade de melhorias nas condições de trabalho dos profissionais de saúde, mas defendeu que o diálogo deve continuar e que medidas estão sendo implementadas para enfrentar os principais problemas.

Entre as medidas anunciadas pelo Governo está a contratação de mais médicos, a melhoria dos salários e a revisão das carreiras médicas. No entanto, para a FNAM, essas ações são vistas como paliativas e não resolvem as questões estruturais do SNS.

O “Endurecimento da Luta”

Diante da ausência de uma resposta satisfatória por parte do Governo, a FNAM anunciou que está preparada para intensificar as suas formas de protesto. Joana Bordalo e Sá afirmou que “os médicos não vão desistir da luta em defesa do SNS. Se for necessário endurecer as ações, assim o faremos.”

A federação já tem em vista novas greves e ações de protesto para as próximas semanas, caso o Governo continue sem apresentar propostas que sejam vistas como adequadas pelos profissionais de saúde. A FNAM também tem convocado reuniões com outras entidades do setor, como a Ordem dos Médicos e associações de utentes, no sentido de criar uma frente comum em defesa do SNS.

A possibilidade de novos protestos estende-se a greves mais longas e de maior amplitude, que poderão afetar ainda mais o funcionamento dos serviços de saúde, especialmente em setores críticos. No entanto, a FNAM tem sublinhado que pretende manter um diálogo aberto com o Governo, desde que este mostre disposição para responder às suas reivindicações de forma concreta.

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Impacto nos Serviços de Saúde

O agravamento das condições no SNS tem causado crescente preocupação entre os utentes. As longas listas de espera, a falta de médicos em áreas essenciais como a medicina geral e familiar, e o fechamento temporário de serviços de urgência têm sido relatados com frequência nos últimos meses.

A FNAM argumenta que as greves são uma forma de sensibilizar o público para a gravidade da situação e forçar o Governo a agir. No entanto, os utentes têm manifestado receios de que as paralisações prolongadas possam afetar ainda mais o acesso aos cuidados de saúde.

De acordo com o último relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), os tempos de espera para consultas de especialidade e cirurgias aumentaram significativamente em várias regiões do país, especialmente nas zonas do interior e nas ilhas, onde a carência de médicos é mais acentuada.

O Futuro do SNS em Jogo

Com a FNAM a prometer uma intensificação das ações e o Governo a tentar encontrar soluções de compromisso, o SNS encontra-se numa fase crítica. Enquanto as negociações entre as partes prosseguem, a incerteza sobre o futuro do sistema público de saúde continua a crescer, com um número crescente de profissionais a optar por deixar o setor público em busca de melhores condições no privado.