Triplo homicídio em Lisboa: depois de participar na fuga, pai de Fernando Silva terá ajudado autoridades

O triplo homicídio ocorrido no bairro da Ajuda, em Lisboa, continua a chocar o país, à medida que novos detalhes sobre o envolvimento da família de Fernando Silva, o principal suspeito, emergem. Segundo informações apuradas pelas autoridades, o pai de Fernando, Jorge Silva, inicialmente teria auxiliado o filho na fuga após o crime, mas posteriormente colaborou com a polícia fornecendo informações cruciais para a sua captura.

Na noite de 8 de outubro, três pessoas — dois homens e uma mulher — foram assassinadas a tiros dentro de um apartamento na Rua da Paz. As vítimas, cujas identidades ainda não foram oficialmente divulgadas, eram conhecidas do suspeito, levantando a hipótese de que o crime teria motivações pessoais. Fernando Silva, de 28 anos, com antecedentes criminais, rapidamente foi identificado como o autor dos disparos. Desde o início das investigações, ele foi alvo de uma operação de busca que mobilizou dezenas de agentes da Polícia Judiciária (PJ) e da Polícia de Segurança Pública (PSP).

A fuga e o envolvimento familiar

Relatos iniciais indicam que após o crime, Fernando Silva deixou o local em fuga, recorrendo à ajuda de familiares próximos. Jorge Silva, o pai do suspeito, foi visto em câmeras de segurança retirando o filho da cena do crime, conduzindo-o até um local não revelado. Essa ação levantou suspeitas de que Jorge estaria diretamente envolvido no encobrimento do crime, o que inicialmente complicou as investigações.

Contudo, segundo fontes policiais, horas depois do homicídio, Jorge Silva procurou as autoridades e forneceu informações que foram determinantes para as buscas que culminaram na detenção de Fernando na manhã do dia 9 de outubro, numa zona rural do concelho de Sintra. Este gesto levou as autoridades a considerarem a possibilidade de uma “cooperação limitada” por parte do pai, que, apesar de ter participado na fuga, mostrou-se cooperativo quando confrontado com a gravidade dos fatos.

Cronologia dos acontecimentos

Na noite do crime, Fernando Silva foi visto a discutir violentamente com uma das vítimas, um homem de 35 anos, com quem tinha uma relação conflituosa, de acordo com testemunhas ouvidas pelas autoridades. A briga culminou nos disparos fatais que vitimaram também uma mulher de 29 anos e outro homem de 40 anos, que estariam no local como visitantes. As autoridades ainda não divulgaram mais pormenores sobre o motivo exato do crime, mas as investigações estão a seguir diversas linhas, incluindo desavenças pessoais relacionadas a questões financeiras e tráfico de drogas.

Após o homicídio, Fernando deixou o local a pé e, de acordo com imagens de videovigilância, foi posteriormente recolhido por Jorge Silva, que o teria transportado até uma área remota nos arredores de Lisboa. A fuga inicial complicou as operações de busca, que só tiveram avanços significativos após o pai do suspeito se apresentar voluntariamente à polícia na manhã seguinte.

A captura de Fernando Silva

Graças à colaboração de Jorge Silva, as autoridades conseguiram localizar Fernando numa casa abandonada em Sintra, onde estava escondido desde o início das buscas. A operação contou com a participação de unidades da PJ especializadas em crimes violentos, que cercaram o local nas primeiras horas da manhã. Fernando foi detido sem oferecer resistência e levado para as instalações da PJ, onde será interrogado formalmente nos próximos dias.

Fontes ligadas ao processo revelaram que, no momento da captura, o suspeito não estava armado, mas as autoridades ainda procuram a arma do crime, que não foi encontrada até ao momento. Além disso, a investigação está a tentar apurar se mais alguém terá ajudado Fernando durante a fuga, além do seu pai.

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O papel de Jorge Silva nas investigações

Jorge Silva, de 52 anos, é uma figura conhecida no bairro da Ajuda, onde sempre viveu e trabalhou como mecânico. Apesar de ter cooperado com a polícia após o crime, fontes policiais indicam que ele poderá enfrentar acusações por ter auxiliado o filho na fuga, um crime tipificado no Código Penal como “favorecimento pessoal”. O enquadramento legal desta situação ainda está a ser analisado pelo Ministério Público, que decidirá se Jorge responderá criminalmente ou se a sua colaboração posterior poderá atenuar a sua responsabilidade.

A decisão de Jorge Silva de colaborar com as autoridades foi descrita por fontes próximas da família como “desesperada”, uma vez que o pai do suspeito terá compreendido a gravidade dos crimes cometidos pelo filho e a inevitabilidade de uma ação policial de grande envergadura. “Ele não queria que o filho fosse morto ou se envolvesse numa situação ainda pior. Por isso, decidiu ajudar a polícia”, comentou um familiar que preferiu não ser identificado.

Reações da comunidade

O bairro da Ajuda permanece em estado de choque após o triplo homicídio, com muitos residentes a expressarem o seu horror perante a brutalidade dos crimes. “É inacreditável. Conhecemos o Fernando desde pequeno, e nunca imaginaríamos que ele fosse capaz de uma coisa destas”, disse um vizinho, que pediu para não ser identificado. Outros moradores relataram que o suspeito já havia demonstrado comportamentos violentos no passado, embora ninguém acreditasse que ele pudesse chegar a este ponto.

O caso está a ser acompanhado com grande atenção pelos meios de comunicação nacionais, uma vez que envolve questões sensíveis como a violência em bairros urbanos, a intervenção das autoridades em situações de criminalidade grave e o papel da família no apoio ou encobrimento de crimes.

O triplo homicídio e as circunstâncias da fuga de Fernando Silva são agora objeto de uma investigação minuciosa, que deverá esclarecer não só os motivos do crime, mas também as responsabilidades dos envolvidos no processo de fuga.