Passe Ferroviário de 20 Euros Exige Reserva Antecipada e Exclui Urbanos de Lisboa e Porto
O Governo vai lançar nesta sexta-feira, 6 de outubro, o novo Passe Ferroviário Verde, com o valor mensal de 20 euros, que permitirá aos utilizadores viajar em determinados serviços ferroviários da CP – Comboios de Portugal. Contudo, este passe implica algumas restrições, como a necessidade de reserva de lugar com até 24 horas de antecedência para viagens nos comboios Intercidades, além de não ser válido para os serviços urbanos de Lisboa e Porto, que já estão abrangidos pelos passes Navegante e Andante, respetivamente.
De acordo com um documento da CP, a que a agência Lusa teve acesso, o Passe Ferroviário Verde é válido em viagens de segunda classe nos comboios Intercidades, mas com a obrigatoriedade de reserva de lugar. Esta reserva deve ser feita com um máximo de 24 horas de antecedência, podendo ser realizada nas bilheteiras da CP ou nas novas Máquinas de Venda Automática, que estarão disponíveis nas estações da Área Metropolitana de Lisboa. Está previsto que, em breve, também seja possível efetuar reservas através da bilheteira online e da aplicação da CP.
O passe de 20 euros não será válido nos serviços de maior prestígio e velocidade da CP, como o Alfa Pendular e o Internacional Celta, nem permitirá viagens na primeira classe dos serviços Intercidades e InterRegional. Ainda nos serviços Intercidades, será possível reservar lugares para um máximo de duas viagens distintas por dia, sendo que essa reserva será feita sem custos adicionais.
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Já nos comboios urbanos, o passe só poderá ser utilizado nos urbanos de Coimbra, uma vez que os urbanos de Lisboa e Porto estão abrangidos pelos passes multimodais Navegante e Andante, que custam 40 euros mensais nas suas versões metropolitanas. Estes passes, que cobrem as áreas metropolitanas das duas maiores cidades do país, também incluem outros modos de transporte, como autocarros, metro e barcos.
Para os utilizadores que residem fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o novo passe permitirá viagens em percursos selecionados dos urbanos dessas regiões. Em Lisboa, por exemplo, será possível viajar no trajeto entre Carregado e Azambuja. Já no Porto, os percursos abrangidos são os de Vila das Aves a Guimarães, Paredes a Marco de Canaveses, Paramos a Aveiro e Lousado a Braga.
O Passe Ferroviário Verde terá um custo de 20 euros para 30 dias consecutivos de utilização, sendo possível adquirir passes de 60 e 90 dias, por 40 e 60 euros, respetivamente. O passe será carregado no Cartão CP, que custa seis euros (ou três euros no caso de estudantes). Para quem já possui o Cartão CP, será possível utilizar o mesmo para o carregamento do novo passe.
Entretanto, o documento da CP alerta que o portador de um passe que não esteja carregado ou que não tenha efetuado a reserva de lugar nos comboios Intercidades será considerado um cliente sem título de transporte, estando sujeito à aplicação de coimas. Além disso, o Passe Ferroviário Verde não poderá ser trocado ou reembolsado. Em caso de supressão de comboios ou atrasos atribuídos à CP, as condições para pedidos de reembolso ou indemnização seguirão as normas vigentes aplicáveis aos passes e assinaturas da transportadora.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou o Passe Ferroviário Verde em agosto, durante a Festa do Pontal, em Quarteira, no distrito de Faro. O chefe de governo descreveu o passe como parte de um “plano de mobilidade” que tem como objetivo facilitar o uso de meios de transporte sustentáveis e que não causem impacto ambiental significativo. O anúncio oficial do passe será feito nesta sexta-feira, durante uma reunião do Conselho de Ministros no Entroncamento, uma cidade ferroviária emblemática em Portugal. Os membros do Governo irão deslocar-se até lá de comboio, partindo da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa.
Inicialmente, o plano de mobilidade e o passe ferroviário de 20 euros deveriam ter sido anunciados em setembro, durante a Semana da Mobilidade. No entanto, o Conselho de Ministros no Entroncamento foi cancelado devido aos graves incêndios que afetaram o país nesse período, adiando o lançamento das medidas de mobilidade sustentável.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da CP já expressou preocupações quanto ao impacto financeiro que o Passe Ferroviário Verde poderá ter na empresa. Segundo a CT, o valor de 20 euros mensais poderá resultar num “desastre financeiro” para a transportadora, uma vez que o aumento da procura gerado por um passe com este preço pode não ser acompanhado pela capacidade operacional da CP. A comissão destacou ainda a possível sobrecarga nos serviços da empresa, que já enfrenta desafios no atendimento às crescentes necessidades de mobilidade dos passageiros.
Com o lançamento iminente do Passe Ferroviário Verde, o Governo pretende fomentar o uso do transporte ferroviário em todo o país, tornando-o uma opção mais acessível para os portugueses. No entanto, as críticas sobre a viabilidade financeira da medida e a exclusão dos serviços urbanos de Lisboa e Porto ainda levantam dúvidas sobre o sucesso do plano.