Israel intensifica bombardeamentos no sul de Beirute, atingindo possíveis alvos do Hezbollah

Beirute, Líbano – As Forças Armadas israelitas voltaram a bombardear bairros do sul de Beirute, capital do Líbano, esta segunda-feira (30), numa nova escalada de ataques que visam alegadas instalações do Hezbollah, uma milícia xiita que exerce forte influência política e militar no país. De acordo com as Forças de Defesa de Israel (IDF), pelo menos três edifícios localizados na zona de Dahiyah, considerada um bastião do Hezbollah, foram atingidos na sequência de um aviso prévio emitido pelas autoridades israelitas.

Os ataques, realizados ao final do dia, foram precedidos por uma ordem de evacuação dirigida aos residentes locais. “Para a vossa segurança e a das vossas famílias, devem evacuar imediatamente estes edifícios e manter-se a pelo menos 500 metros de distância”, disse o porta-voz das FDI, Avichay Adraee, que falou em árabe para garantir que a mensagem era compreendida pelos residentes locais. Segundo Adraee, os alvos estavam perto de instalações do Hezbollah, justificando uma ação militar.

Fontes locais confirmaram que se ouviram fortes explosões nos bairros de Lailaki e Haret Hreik, regiões densamente povoadas no sul da capital libanesa, onde o Hezbollah tem uma grande presença. Apesar da intensidade dos bombardeamentos, até ao momento não foram registados mortos ou feridos, segundo informações divulgadas pela imprensa libanesa.

Evolução do Conflito
Os bombardeamentos de segunda-feira marcam uma intensificação das operações militares de Israel nas últimas semanas, com alvos atingidos em diferentes regiões do Líbano, incluindo zonas no leste e sul do país, bem como na própria capital. Segundo as FDI, as ações visam enfraquecer a capacidade militar do Hezbollah, que Israel considera uma ameaça constante à sua segurança.

Este é o primeiro bombardeamento significativo de áreas urbanas no sul de Beirute desde 2006, quando Israel travou um conflito aberto com o Hezbollah. Na altura, a guerra de 34 dias resultou numa grande devastação no Líbano, particularmente nos subúrbios a sul da capital. Desde então, o sul de Beirute tem sido ocasionalmente alvo de ataques aéreos isolados, mas as operações militares recentes indicam uma possível nova fase de escalada entre os dois lados.

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O Hezbollah, organização político-militar apoiada pelo Irão, é considerado um dos principais inimigos de Israel na região. Para além de atuar como força militar organizada, o grupo tem uma forte presença política no Líbano, fazendo parte do governo do país e influenciando diretamente as decisões estratégicas do governo libanês. A sua posição no sul de Beirute, bem como noutras zonas do Líbano, é vista por Israel como uma ameaça imediata à sua segurança, especialmente no contexto da crescente tensão entre Israel e o Irão.

Resposta Libanesa
O governo libanês condenou os bombardeamentos israelitas, classificando-os como uma violação da soberania nacional e do direito internacional. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano afirmou que a agressão israelita “apenas contribui para aumentar a instabilidade na região” e apelou à comunidade internacional para que tome medidas para conter a escalada.

O Presidente libanês, Michel Aoun, pronunciou-se sobre os ataques, reforçando o apelo à intervenção das Nações Unidas e à exigência da cessação imediata das hostilidades. “O Líbano tem o direito de se defender contra qualquer agressão que ameace a sua soberania e segurança nacional”, declarou Aoun.

O exército libanês, por sua vez, aumentou o seu estado de alerta nas zonas fronteiriças com Israel, embora não tenha respondido militarmente aos bombardeamentos. O Líbano tem o apoio das forças da UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), que têm actuado como mediadores em situações de conflito ao longo da fronteira sul desde o fim do conflito em 2006. Até à data, a UNIFIL não se pronunciou sobre os recentes bombardeamentos.

Aviso Prévio e Impacto Civil
Embora os bombardeamentos de segunda-feira tenham ocorrido após um aviso de evacuação, a presença de civis em áreas próximas das instalações militares do Hezbollah é um grande ponto de preocupação para as autoridades libanesas. Dahiyah, um bairro predominantemente xiita de Beirute, é uma área densamente povoada onde as casas e instalações civis estão frequentemente localizadas perto de potenciais alvos militares.

Os analistas militares observam que o Hezbollah, que tem um amplo apoio popular nas regiões onde opera, estabelece frequentemente as suas bases e infra-estruturas em áreas urbanas, dificultando as operações militares de Israel sem causar danos colaterais. No entanto, Israel defende que os seus ataques são cuidadosamente planeados para minimizar o impacto nos civis, embora as autoridades libanesas contestem esta narrativa, apontando para o risco constante que a população enfrenta no meio destas ações.