Ativistas do Climáximo Pintam Fachada do Castelo de São Jorge e Convocam Protesto para Novembro

Ativistas do Climáximo Pintam Fachada do Castelo de São Jorge e Convocam Protesto para Novembro

Na manhã desta sexta-feira (27), ativistas do movimento ambientalista Climáximo realizaram uma ação de protesto no Castelo de São Jorge, em Lisboa. A fachada histórica foi parcialmente coberta com tinta vermelha, simbolizando, segundo os ativistas, o “derramamento de sangue causado pela crise climática”. O ato provocou reações imediatas, tanto da população quanto de autoridades locais, e colocou novamente o foco nas questões ambientais, especialmente na responsabilidade governamental e corporativa em relação ao aquecimento global.

O Protesto e Suas Motivações

O grupo Climáximo, conhecido por suas ações diretas e por promover a desobediência civil pacífica, justificou o protesto como uma resposta à “inércia” dos governantes em relação à emergência climática. Segundo um comunicado emitido pelo movimento nas redes sociais, o ato no Castelo de São Jorge foi uma forma de “chamar atenção para a urgência de medidas concretas no combate às mudanças climáticas” e para a necessidade de “políticas públicas que enfrentem a crise ambiental com seriedade”.

A escolha do local, o Castelo de São Jorge, um dos principais pontos turísticos de Lisboa e um monumento de grande valor histórico e cultural, não foi acidental. “Escolhemos um símbolo da nossa história para alertar que o nosso futuro está em risco. A crise climática não poupará ninguém, nem o nosso patrimônio, nem as nossas vidas”, afirmou um dos ativistas durante a manifestação.

Convocação para Protesto em Novembro

Além da ação no Castelo de São Jorge, os ativistas do Climáximo aproveitaram o momento para convocar um grande protesto para novembro. A manifestação, que está prevista para o dia 11, tem como objetivo reunir milhares de pessoas em Lisboa, exigindo ações concretas do governo português e pressionando por medidas mais rígidas contra as grandes corporações poluentes.

“O protesto de novembro será uma resposta à falta de compromisso das lideranças políticas em relação ao acordo de Paris e à constante emissão de gases de efeito estufa por empresas que colocam o lucro acima da vida humana”, declarou Ana Martins, porta-voz do Climáximo, em entrevista à imprensa. “Não podemos continuar a aceitar promessas vazias. Queremos mudanças agora, não em 2030 ou 2050”, completou.

Reações Imediatas

A ação de pichação no Castelo de São Jorge gerou uma onda de críticas por parte das autoridades e também de segmentos da população que consideraram o ato um desrespeito ao patrimônio histórico. A Câmara Municipal de Lisboa, através do seu presidente Carlos Moedas, condenou a ação, afirmando que “atos de vandalismo contra monumentos históricos não são a forma adequada de expressar a preocupação ambiental”. Moedas prometeu que a limpeza da fachada será realizada imediatamente e que o município vai avaliar possíveis sanções contra os responsáveis.

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) também se pronunciou sobre o ocorrido, afirmando em nota que “ações que prejudicam o patrimônio histórico e cultural do país não contribuem para o diálogo necessário sobre a crise climática”. A DGPC garantiu que está a trabalhar com a Câmara Municipal de Lisboa para proceder à recuperação da fachada e que medidas adicionais de segurança poderão ser implementadas para proteger os monumentos da capital de futuras ações semelhantes.

Por outro lado, diversas organizações ambientalistas e movimentos sociais manifestaram apoio à ação do Climáximo. Em redes sociais, ativistas de outros grupos elogiaram a coragem e a criatividade do protesto, reforçando que, em tempos de emergência climática, “a desobediência civil pode ser uma ferramenta legítima para pressionar governos e corporações”.

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Contexto da Crise Climática

A ação dos ativistas do Climáximo ocorre num momento de crescente preocupação global com as consequências das mudanças climáticas. Em 2023, a União Europeia aprovou novos pacotes legislativos destinados a reduzir as emissões de carbono em, pelo menos, 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. No entanto, muitos movimentos ambientalistas, incluindo o Climáximo, consideram essas metas insuficientes face à gravidade da crise.

Portugal, embora tenha mostrado avanços na transição para energias renováveis, ainda enfrenta desafios no cumprimento das metas climáticas. O país, que tem sofrido com secas prolongadas e aumento das temperaturas médias, está numa posição geográfica vulnerável a eventos climáticos extremos, como incêndios florestais e ondas de calor. Além disso, setores como a agricultura, turismo e pesca estão entre os mais afetados pelas mudanças no clima.

Em declarações recentes, o Primeiro-Ministro António Costa reafirmou o compromisso de Portugal em ser neutro em carbono até 2050. No entanto, o ritmo lento das mudanças, especialmente no que se refere à redução da dependência de combustíveis fósseis e ao corte de subsídios a grandes empresas poluidoras, tem sido alvo de críticas por parte de grupos ambientalistas.

Investigação e Consequências Legais

As autoridades já começaram a investigar a ação no Castelo de São Jorge, e a Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa informou que está a trabalhar para identificar todos os envolvidos no protesto. A PSP garantiu que o grupo responsável será interrogado e que os envolvidos poderão enfrentar acusações de vandalismo contra patrimônio público.

Apesar das possíveis consequências legais, os ativistas do Climáximo não mostram arrependimento. “Se a destruição de patrimônios naturais e de vidas não tem consequências, por que os que lutam para proteger o futuro das próximas gerações devem ser punidos?”, questionou um dos membros do movimento em declaração à imprensa.

Este protesto coloca novamente o Climáximo no centro do debate público sobre a eficácia das ações diretas em prol do ambiente. Este grupo já havia realizado outras ações semelhantes, como a ocupação pacífica de ministérios e o bloqueio de infraestruturas ligadas à extração de combustíveis fósseis.